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MIRA

Mira é um grupo de estudos voltado ao trabalho de Mulheres Latino-Americanas com objetivo de pesquisa e criação textual.

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MIRA#3

:: MIRA #3 Começará na última terça-feira deste mês e seguirá durante as terças de novembro a 3ª edição do MIRA - grupo de estudos...

MIRA #2

Em julho ocorrerá a 2º edição do Mira, nosso grupo de estudos de mulheres latino-americanas na literatura. Após estudarmos alguns contos...

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Árbol de Diana, de Alejandra Pizarnik

Publicado pela primeira vez em 1962, Árbol de Diana, é ainda uma homenagem, a todo silêncio que também é ruído. 

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CARTA 5


Querida Silvina, le ciel est si bleu, si tendre, muy parecido a tu sonrisa. Pero ayer a las 20 horas no fue así pues no sé por qué, sobre el celestegrisrosa del crepúsculo vino una nube enorme, enorme, y también negra, y también erizada, como hecha de la materia de un gato electrizado, quiero decir de la piel de ese gato que por otra parte nunca vi sino dibujado en una historieta.


Me siento muy orgullosa y con un poquito de miedo -a causa de la responsabilidad que implica- escribiendo con tu lapicera. Tengo que acostumbrarme a ella pues exige una impetuosidad y una generosidad y una entrega propias en mí de un instante privilegiado y en vos de tu estado natural de ser y de estar. (Se entiende algo o es cierto que el sol me inmovilizó el pensamiento?). Quiero decir que no será extraño si ella cambia de forma –y sobre todo el sentido- de mis poemas venideros. (Cuando yo tenía 6 años me pasaba la vida escribiéndoles a los Reyes Magos –no sólo en su día sino en cualquier otro- pidiéndoles una lapicera que supiese sumar, restar y dividir sola; ella dirigiría mi mano derecha mientras la izquierda, debajo del pupitre, da vuelta las páginas del libro de cuentos que leo mientras la lapicera se las arregla mágicamente para hacer de mí el genio de las matemáticas. Esto es idiota pero no hago más que recordarlo desde el lunes).


Encontré un librito de Old Montaigne que por momentos es muy delicioso: “Sur le plus beau trône du monde on n’est jamais assis que sur son cul”.


¿Te deje muy triste el otro día? Espero que no. Confío en que no. Aun así, y aunque maldita la gracia que me hace tender mi tristeza sobre la mesa como un mapa, aun así es una Gran Prueba de Amistad de mi parte esto de no sonreír todo el tiempo y de no decir chistes todo el tiempo, que es lo que hago con 99 de cada 100 personas que conozco. Quiero decir que revelar la tristeza es algo así como la máxima confesión (al menos, en mi caso). Pero me horroriza pensar que pude comunicártela. Ojalá que el peregrino la haya disipado si es que no la dejé al irme.


Minúsculo dibujito de una niña arrastrada por –o arrastrando- un cometa-flor


Estuve pensando mucho en lo que dijiste sobre la continuidad del poema, aquello de que un verso llama a otro.


Creo que te va a encantar como a mí la dama que está a la izquierda, en el primer plano, vestida de azul, dueña de una lujosa cola blanca, parecida –si j’ose dire – a la de un caballo. Aunque temerosa de exagerar, me he atrevido a pensar que también sus finas y blancas piernas tienen un no sé qué de equino. (En las noches de invierno ella galopa con sus piececitos vestidos de azul y danza, danza de alegría, de miedo, danza para alegrar su pequeño corazón, su corazón de madera, su corazón de buena suerte).


Minúsculo dibujo de una niña llevando una flor


Por primera vez, después de muchos meses, leí un diario. Al dejarlo he sentido deseos de ir a Uganda. Habría que traer a la Mère Ubu y al Père Ubu como reyes.

Vengo de un paseo de cuatro horas solitarias en bicicleta. Por eso la carta está girando (“elle tourne, elle tourne comme dans les rêves de la reine folle…


J’e t’embrasse


Alejandra


(Alejandra Pizarnik. Nueva Correspondencia. Edición de Ivonne Bordelois y Cristina Piña. Editorial Lumen, 2017)






CARTA 5


Querida Silvina, o céu é tão azul, tão terno, muito parecido com teu sorriso. Porém ontem, por volta das 20 horas, não foi assim pois não sei por que, sobre o celestegrisróseo do crepúsculo veio uma nuvem enorme, enorme, e também negra, e também eriçada, como feita da matéria de um gato eletrificado, quero dizer, da pele desse gato que por outra parte nunca vi senão desenhado em uma historinha.


Me sinto muito orgulhosa e com um pouquinho de medo – por causa da responsabilidade que implica – escrevendo com tua caneta. Tenho de me acostumar a ela pois exige uma impetuosidade e uma generosidade e uma entrega próprias em mim de um instante privilegiado e em você de teu estado natural de ser e de estar. (Se entende algo ou é verdade que o sol me imobilizou o pensamento?). Quero dizer que não será estranho se ela muda de forma – e sobretudo o sentido – dos meus próximos poemas. (Quando eu tinha 6 anos, passava a vida escrevendo para os Três Reis Magos – não apenas em seus dias, mas em qualquer outro – pedindo-lhes uma caneta que soubesse somar, subtrair e dividir sozinha; ela conduziria minha mão direita enquanto a esquerda, debaixo da carteira, vira as páginas do livro de contos que leio enquanto a caneta se ajeita magicamente para fazer de mim o gênio da matemática. Isto é idiota, mas não faço mais que recordá-lo desde segunda-feira).


Encontrei um livrinho do Velho Montaigne que por vezes é bem delicioso: “Mesmo sobre o mais belo trono do mundo, não estamos mais do que sentados sobre nosso traseiro”.¹

Te deixei muito triste outro dia? Espero que não. Confio que não. Mesmo assim, e embora maldita seja a graça que me faz estender minha tristeza sobre a mesa como um mapa, ainda assim é uma Grande Prova de Amizade de minha parte isto de não sorrir o tempo todo e de não contar piadas o tempo todo, que é o que faço com 99 de cada 100 pessoas que conheço. Quero dizer que revelar a tristeza é algo assim como a máxima confissão (ao menos, no meu caso). Porém me horroriza pensar que pude comunicar isso a você. Tomara que o peregrino o tenha dissipado se é que eu não a deixei quando parti.


Minúsculo desenho de uma menina arrastada por – ou arrastando – um cometa-flor


Estive pensando muito no que disse sobre a continuidade do poema, aquilo de que um verso chama o outro.


Creio que vai te encantar como a mim a dama que está à esquerda, em primeiro plano, vestida de azul, dona de uma luxuosa cauda branca, parecida – se me atrevo a dizer – a de um cavalo. Apesar de temerosa em exagerar, me atrevi a pensar que também suas finas e brancas pernas têm um não-sei-o-quê de equino. (Nas noites de inverno, ela galopa com seus pezinhos vestidos de azul e dança, dança de alegria, de medo, dança para alegrar seu pequeno coração, seu coração de madeira, seu coração de boa sorte).


Minúsculo desenho de uma menina carregando uma flor


Pela primeira vez, depois de muitos meses, li um diário. Ao deixa-lo, senti desejos de ir a Uganda. Haveria de trazer Mère Ubu e Père Ubu² como reis.

Venho de um passeio de quatro horas solitárias de bicicleta. Por isso a carta está girando (“ela gira, ela gira como nos sonhos da rainha louca…”)


Te beijo


Alejandra



(Tradução: Jorge Miranda)



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SOBRE AS IDEALIZADORAS 


Maila Bonafé nasceu no interior do Rio Grande do Sul, em 1994. Estudou Bioquímica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atualmente em formação no curso dePsicologia pela mesma instituição. Coidealizadora/fundadora, pesquisadora e produtora nocoletivo Psilocybecubensis.co, grupo voltado a pesquisas relacionadas à saúde,psicoterapia, antropologia e artes visuais envolvendo cogumelos psicodélicos e medicinaisno Brasil. Atua como provocadora, curadora e editora no coletivo Mira - grupo de estudos de MulheresLatino-americanas - este coidealizado e fundado pela mesma, no início de 2020, emArgentina e Brasil.Escreve contos, intercalando linguagem fotográfica, analógica e pintura. Pesquisa e compõe música latino-americana, trabalhando com conceito de narrativa feminina e memória.
Bruna Castra - cursou arte dramática (UFRGS) e comunicação visual (UNIRITTER). co-fundadora, responsável social e visual da Pelvyca, grupo de performance, música e produção cultural. Co-fundadora, gestora, responsável visual e curadora do DUNA - plataforma de compartilhamento de práticas & poéticas. Co-criadora, pesquisadora e condutora do grupo de estudos voltado à produção literária de mulheres latinoamericanas - MIRA. Trabalha com base na manipulação de estímulos sensoriais para criação de atmosferas. Foi artista residente em kinono tinos, grécia. atualmente propõe um experimento de escrita em conjunto chamado “entre banalidades & âmagos” que está em sua 10ª edição - por ele já passaram mais de 50 estudantes de escrita criativa -. trabalha no desenvolvimento de livros de artista e pesquisa linguagem, registro de memórias e transmissão de conhecimento empírico.

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